“A solidão permite espaço suficiente para acomodar nossas neuroses, sem precisar olhar para elas todos os dias.”
Emerson Penso
- Mereço um prêmio! Qualquer um destes que nos fazem acreditar que não somos tão cretinos e mesquinhos.
Esta foi a sensação ao ver meu pensamento moldado em símbolos tipográficos.
-Quero entre aspas, em itálico. Seguindo o cortejo de palavras: meu nome! Meu crédito!
Mais uma frase que me foi surrupiada, mas esta com consentimento, e sem feridas expostas.
É irônico usar a palavra “crédito” para dizer: foi quem escreveu isso aí entre aspas. Créditos de qual sorte de valor? Palavra monetária, bancária, ORDINÁRIA! Não pode ser assim!
Me angustia a idéia de transformar tudo em valor. A moral composta por valores. Canso desta exaustiva luta da perversão por seu lugar de honra na mesa dos justos. Sem ela, que habitualmente aborta-se o crédito iníquo, fatalmente teríamos manuais de boas maneiras como conforto.
E por não ser assim, prefiro o débito intelectual: descapitalizado e sem fundos. Entendo bem os débitos, estes sempre fartos. Fazem-me procurar um fiel depositário, uma alma bondosa que valorize minhas subversões com a propriedade dos mecenas.
Fundos, no vermelho: é sexy! Assim entendo a natureza criativa e “amada durante quinze meses e onze contos de réis”¹. Os criativos não são férteis na bonança. Precisam de salvadores que cubram seus fundos, enrubescidos pela generosidade! São eles detentores da ordem, do cotidiano e da falta de exceções. O ordinário é o mantenedor das almas caóticas. Estes ruídos salvos como a esperança que o mundo é mais que o som oco da regra fatigante. Esses mecenas habitam o silêncio, vivem a solidão falada na minha frase. Aquela lá em cima, com débitos, procurando por um salvador.
¹ Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
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